"Enquanto eu assopro a palma da mão para ver bolhas de sabão fugirem pelo ar,as borboletas que moram em minha alma saem todas para passear."
sábado, 24 de novembro de 2012
Rita Apoena
Todo dia, a menina corria o quintal, procurando um arco-íris. Corria olhando para o alto, tropeçava e caía. Toda vez que se machucava, vinha chorando uma cor. Um dia, chorou o anil até esvaziá-lo dos olhos. Depois, chorou laranja, chorou vermelho e azul. Chorou verde. Violeta. Amarelo e até transparente! Chorou todas as cores que tinha, todas as cores de dentro. Então, abriu os olhos e nem o arco-íris, ela viu. Não viu flores e borboletas. Não viu árvores e passarinhos. Pensando que era ainda noite, deitou-se na cama e dormiu. Pensando que era tudo escuro, nem levantar-se ela quis! Ficou dormindo cinzenta, por dias e noites sem fim… Foi quando um sonho, tão colorido, derramou-se dentro dela! Tingiu o travesseiro e a fronha, o lençol e o pijaminha. Tingiu a meia e o quarto. Tingiu as casas e os ninhos! A menina abriu a janela e viu que hoje não tinha arco-íris. Mas tinha o desenho das nuvens. Tinha as flores e um passarinho.
sexta-feira, 16 de novembro de 2012
ONDE DEUS POSSA ME OUVIR
( Vander Lee)
Onde Deus Possa Me Ouvir
Sabe o que eu queria agora, meu bem?
Sair, chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo, um ombro
Onde eu desaguasse todo desengano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém
Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender por que se agridem
Se empurram pr´um abismo
Se debatem, se combatem sem saber
Meu amor
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui, pode sair
Adeus.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
Mandamentos da gentileza
Mandamentos da gentileza… não custa pensar um pouco…
1.Tente se colocar no lugar do outro. Isso o ajuda a entender melhor as pessoas, seu modo de pensar e agir.
2.Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar qualquer desavença ou problema.
3.Pratique a arte da paciência. Evite julgamentos e ações precipitadas.
4.Peça desculpas. Isso pode prevenir a violência e salvar relacionamentos.
5.Pense positivo. Procure valorizar o que a situação e o outro têm de bom e perceba que este hábito pode promover verdadeiros milagres.
6.Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são uma verdadeira riqueza para todos.
7.Seja solidário e companheiro. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
8.Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas depende de se descobrir a raiz do problema.
9.Faça justiça. Esforce-se para compreender as diferenças e não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras.
10.Mude a sua maneira de ver os conflitos. A gentileza nos mostra que o conflito pode ter resultados positivos e ainda tornar a convivência mais íntima e confiável.
2.Aprenda a escutar. Ouvir é muito importante para solucionar qualquer desavença ou problema.
3.Pratique a arte da paciência. Evite julgamentos e ações precipitadas.
4.Peça desculpas. Isso pode prevenir a violência e salvar relacionamentos.
5.Pense positivo. Procure valorizar o que a situação e o outro têm de bom e perceba que este hábito pode promover verdadeiros milagres.
6.Respeite as pessoas quando elas pensarem e agirem de modo diferente de você. As diferenças são uma verdadeira riqueza para todos.
7.Seja solidário e companheiro. Demonstre interesse pelo outro, por seus sentimentos e por sua realidade de vida.
8.Analise a situação. Alcançar soluções pacíficas depende de se descobrir a raiz do problema.
9.Faça justiça. Esforce-se para compreender as diferenças e não para ganhar, como se as eventuais desavenças fossem jogos ou guerras.
10.Mude a sua maneira de ver os conflitos. A gentileza nos mostra que o conflito pode ter resultados positivos e ainda tornar a convivência mais íntima e confiável.
Rosana Braga
13 DE NOVEMBRO - DIA MUNDIAL DA GENTILEZA
sábado, 10 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
AFINIDADE
"Arthur da Távola "
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.
A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.
Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade,
qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa,
o afeto no exato ponto em que foi interrompido.
Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.
Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece
depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Mas quando existe
não precisa de códigos verbais para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece
depois que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém com quem você tem afinidade.
Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.
Afinidade é sentir com, nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.
Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou, quando é falar,
jamais explicar: apenas afirmar.
Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade, questiona por não aceitar.
Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.
Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro
sob a forma ampliada do eu individual aprimorado.
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Carta a um amigo
RUBEM ALVES
Meu querido amigo: Havia tantos anos que não nos víamos! E, de repente, num estacionamento, os nossos caminhos se cruzaram. Dizem que isso se chama “coincidência” – quando encontros acontecem acidentalmente, sem ter sido preparados. De fato, foi um acidente. Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro.
Dizem alguns, entre eles Jung, se não me engano, que “coincidências” não existem. Coincidências, eles dizem, só são coincidências quando vistas na face direita do tapete. Mas, se pudéssemos olhar o avesso, encontraríamos os fios do destino que fizeram aquele encontro inevitável. Os homens vêem o direito; os deuses tecem o avesso.
À coincidência segue-se sempre a surpresa: não estávamos esperando! E foi assim mesmo. Tive uma surpresa alegre ao vê-lo. Muito embora, nessa idade, os reencontros repentinos, depois de muitos anos, causem um pouquinho de susto. Quando, depois de vários anos, encontramos “aquilo” que conhecêramos como uma menina, a reação automatica é dizer: “Mas como você cresceu! Você está uma moça!” Na “nossa” idade o impulso é dizer: “Mas como você..............!” Deixei o espaço em branco de propósito, para que você o completasse. Sim, eu e você envelhecemos.
Mas o que me comoveu e convenceu de que aquela coincidência fora planejada pelos deuses foi a sua primeira frase: “Rubão, estou apavorado. A hora está chegando!” Sem explicações. Eram desnecessárias. Você sabia que eu sabia o que você estava dizendo. A morte está próxima. Chegará um dia em que teremos de nos despedir desse mundo. Isso é verdade para todos. Nunca se sabe em que esquina a morte nos aguarda. Mas, quando jovens, espantamos o pavor dizendo que ainda vai demorar muito. Na velhice esse consolo já não é possível. ( Ah! Pobres dos saberes acadêmicos que eu e você aprendemos e ensinamos! Como eles nos deixam desamparados diante do Grande Mistério!)
Tive uma grande vontade de abraçá-lo, mas fiquei com vergonha. Senti “compaixão”. “Compaixão” quer dizer “sentir com”. Eu senti o que você sentia. Já estive no seu lugar. Desde a minha infância fui aterrorizado pela morte. Tinha medo de dormir, pois temia que ela, valendo-se da minha distração, me ferisse. Mas durante o dia, em meio aos brinquedos, com meus amigos, eu me esquecia dela. Mas ela voltava com o crepúsculo. Também aos domingos, quando eu ia à igreja e lá o pastor ensinava que aqueles que não estão bem com Deus ( o Deus dele, é claro...), seriam mandados para o inferno, por toda a eternidade. Pelo medo os clérigos católicos e protestantes conseguiam a submissão dos fracos.
Depois, por razões que desconheço, o meu terror pela morte desapareceu. O “lado de lá” já não me assusta. Pois só há duas possibilidades. Primeira: o “lado de lá” não existe. Se não existe, serei devolvido ao lugar onde estive desde o big-bang, treze bilhões de anos atrás. E não tenho a menor memória ruim desses treze bilhões de anos. Pode até ser que as mãos dos deuses que tecem o avesso me façam nascer de novo. Se isso acontecer será ótimo porque gosto muito de viver. Segunda: o “lado de lá” existe. Se existe, estou tranqüilo. Como entendem os poetas, Deus é amor, e sendo amor não posso imaginar que nada de mau esteja à minha espera.
Muito do terror da morte resulta das coisas que nos ensinaram nas igrejas, coisas que nossas mães nos ensinaram. São sempre elas, as mães, as portadoras da religiosidade, não sei bem porque. Talvez porque, tendo Deus ao seu lado, elas consigam que seus filhos as obedeçam. Como se sabe, Deus castiga as crianças que desobedecem as suas mães. Por amor às nossas mães, continuamos a acreditar...
Mas as coisas que as religiões ensinam são invenções dos homens. Um Deus de amor iria estragar o seu universo com uma câmara de tortura chamada inferno? Pelo que sei Deus é jardineiro e se ocupa com a beleza. Como disse Bachelard, os tipos que inventaram o inferno tinham muitas vinganças a realizar. Mas o amor não se vinga. Pelo menos foi isso que aprendi de Jesus.
E o fato é que ninguém acredita. Se as pessoas religiosas acreditassem que o céu é tão bom assim elas não iriam tanto ao médico e não se esforçariam tanto para continuar vivendo. Tratariam era de morrer logo para apressar sua viagem para a colônia de férias permanente. O que elas desejam, mesmo, é continuar nesse mundo tão bonito, tão bom.
O que tenho não é medo. É uma tristeza. É-me insuportável a idéia de ser expulso de campo...
Assim, não tenho palavras de consolo. “Com que tristeza avisto o horizonte aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto!” Era o sentimento da Cecília Meireles. Os poetas dizem a verdade. E por falar em poetas, leia o poema do Alberto Caeiro que começa assim: “Num meio dia de fim de primavera...” É lindo. Trás paz à minha alma. Trará paz à sua também. E gosto de rezar essa linda oração. E nem é preciso acreditar em Deus. Basta se alimentar das palavras. Como diz o evangelho, “a palavra é Deus”.
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